Hoje uma ferida do passado voltou a marcar presença. Um aniversário. E a dor tornou-se mais marcante pelo desamparo que senti hoje.
Virei-me para um ombro e estava frio, outro estava ausente.
Quando tentei falar da minha aflição, a urgência do pequeno-almoço para os pequenos interrompeu-me.
Tentei um abraço mais demorado mas estava na hora de começar outras tarefas.
Talvez um carinho e uma conversa, mas também não deu. Hoje está tudo aos pícaros.
Senti um desequilíbrio assustador, que já não sentia há muito tempo mas que reconheci.
Na verdade, estava a lembrar-me da dor dilacerante e não saber a quem contar, ou o que fazer.
Já sei que sou crescida e que devo e posso controlar as minhas emoções, que me posso embalar e relembrar que estou bem, está tudo bem.
Mas, de certa forma, penso que quis voltar àquele lugar e sentir que não estava sozinha.
Saiu-me o tiro pela culatra porque – apesar de saber que não estou sozinha – foi assim mesmo que acabei por me sentir.
Agora o dia chega ao fim e faço o meu papel: cuido-me.
Talvez para o ano corra melhor.